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Comida: a louca espiral dos antibióticos animais - Grupo 3 - pontos de garantia do bem-estar animal
Link da notícia : https://outraspalavras.net/terraeantropoceno/comida-a-louca-espiral-dos-antibioticos-animais/
Identificação do grupo : Ana Clara Gales Landi, Carolina Sardinha Gabriel, Felipe Augusto Santana Ramos, Gabriela de Oliveira Gonçalves, Heitor Alves de Oliveira, Matheus Segantini Cunha, Nicole Petrilli Silva Lins e Rafael Zillete Pinto.
Resumo da Notícia:
O uso de antimicrobianos na produção animal gera uma discussão importante sobre o respeito ao bem-estar animal, à saúde pública e à sustentabilidade. A reportagem discutida, intitulada “Comida: a louca espiral dos antibióticos”, publicada pelo portal Outras Palavras, crítica ao uso disseminado de antibióticos em sistemas intensivos de produção, especialmente quando usados de maneira errada e para fins além do tratamento de doenças, apontando riscos como o desenvolvimento de resistência bacteriana e os impactos ambientais do uso de antimicrobianos. Entretanto, em defesa do uso racional e contínuo de antimicrobianos, podemos argumentar que, nas condições atuais da produção de suínos, caprinos e ovinos no país, marcadas por alta densidade, desafios sanitários e clima tropical desfavorável, essas substâncias são uma ferramenta essencial para garantir a produção e o bem-estar animal.
Argumentação:
Podemos apontar cinco motivos que defendem o uso de antimicrobianos, não apenas como método de tratamento para enfermidades, mas como aditivos zootécnicos e ferramentas de prevenção de doenças:
1. Garantia das Cinco Liberdades do Bem-Estar Animal
O uso de antimicrobianos está diretamente ligado à manutenção das cinco liberdades do bem-estar animal, principalmente quando usado pelo método Profilático. Os animais permanecem livres de fome e sede, pois os antibióticos previnem doenças que podem reduzir prejudiciais o apetite e o consumo alimentar do animal. A liberdade de desconforto é garantida pela prevenção da ocorrência de enfermidades, mantendo o animal livre de febres, inflamações e dor, assim como a profilaxia à liberdade de dor, lesão e doença, sofrimento e mortalidade do animal. Além disso, os animais saudáveis estão mais dispostos a ter um comportamento ativo e natural, preservando a liberdade para expressar comportamentos normais, formando assim rebanhos resultantes, com menor ocorrência de problemas entre os animais, consolidando a liberdade de medo e estresse. Dessa forma, os antimicrobianos não apenas como curadores, mas como profiláticos, mantêm os animais com a saúde intacta, mantendo sua homeostase fisiológica e comportamental dos animais e agilidade como ferramenta necessária para o bem-estar, especialmente em sistemas intensivos.
2. Antimicrobianos como Base do Bem-Estar em Sistemas Intensivos
Nos sistemas intensivos de criação usados nos dias de hoje, o uso de antibióticos acaba sendo uma base importante para o bem-estar dos animais. Isso deve ser porque hoje a criação sofre com elevada densidade populacional, estresse térmico, uniformidade e suscetibilidade genética e alta taxa de contato físico entre os animais, tornando praticamente inevitável a ocorrência de doenças infecciosas. Nessas condições, a prevenção contínua é essencial para evitar surtos e sofrimento animal. Em países tropicais como o Brasil, fatores ambientais como calor, umidade e presença de patógenos novas para essas espécies agravam a incidência de doenças respiratórias e entéricas. Assim, o uso regular e monitorado de antimicrobianos como profiláticos atua como uma barreira que protege os animais contra infecções, e por isso, elimina completamente o uso dessa substância, sem que antes haja mudanças no sistema de produção que garantam condições mais seguras de manejo e biossegurança, resultando em piora significativa do bem-estar animal, com aumento da mortalidade econômica, sofrimento e perdas
3. Antimicrobianos como Aditivos Zootécnicos e Bem-Estar
As estratégias serão usadas como promotoras de crescimento quando aplicadas de forma responsável, alterando a microbiota tendo efeitos positivos sobre o animal, melhorando a conversão alimentar e ganho de peso, reduzindo a competição na microbiota e melhorando as condições de estresse social. Quando os animais crescem de maneira mais rápida e uniforme passam menos tempo expostos a calor, doenças e disputas hierárquicas, e seu tempo na cadeia produtiva é reduzido, diminuindo o impacto ambiental individual. Além disso, sabe-se que animais em uma curva de ganho de peso constante passam por menor frustração alimentar e comportamento têm mais calma, refletindo em maior bem-estar fisiológico e emocional. Pesquisas indicam que a remoção dos antimicrobianos causa redução significativa da eficiência produtiva, aumento da mortalidade e agravamento de doenças infecciosas, especialmente em suínos. Em experimentos realizados com sistemas de “livres de antibióticos” (ABF), a mortalidade dos animais foi triplicada, passando de 20–25% para 57,9%, e o lucro líquido da produção caiu de US$105 para apenas US$33 por animal. Esses dados reforçam que, sem as antibióticos, o sofrimento e as perdas são ampliados, tornando o sistema inviável e eticamente questionável.
4. Limites Éticos e Realidades Produtivas
A produção de suínos sem antimicrobianos é sim uma realidade ideal, entretanto, para isso se exige uma infraestrutura de alto custo, ventilação silenciosa, controle total de patógenos e nutrição extremamente precisa, condições raras em sistemas intensivos convencionais, ainda mais no Brasil. Dessa forma, proibir o uso de antimicrobianos como profiláticos e aditivos em produções intensivas em locais tropicais seria irresponsáveis, pois submetemia os animais a maior incidência de infecções dolorosas e mortais. O uso racional de antibióticos, aliado a programas de biossegurança, vacinação e boas práticas de manejo, formam um equilíbrio ideal entre bem-estar animal, segurança alimentar e saúde pública. Assim, a defesa não está em proibição, mas em usar com recrutamento, ciência e responsabilidade, enquanto o sistema não evolui de outras formas que possam substituir o uso de especificações.
Conclusão :
Com base na leitura da reportagem e no debate realizado em aula, conclui-se que os antimicrobianos são instrumentos fundamentais para garantir o bem-estar animal, especialmente em sistemas intensivos em climas tropicais de produção de suínos, caprinos e ovinos, utilizando a prevenção de doenças, a redução do sofrimento e o controle sanitário como pilares para um manejo ético e responsável.
Embora o uso excessivo e sem controle represente riscos reais à saúde pública e à resistência bacteriana, a eliminação completa dos antibióticos traria consequências graves: dor, infecções disseminadas, mortalidade elevada e queda drástica no bem-estar dos animais e na produção. Dessa forma, o verdadeiro desafio ético, é conciliar produção, ciência, biossegurança e bem-estar, adotando práticas de uso racional, sem comprometer a sanidade e a dignidade dos animais sob nossa responsabilidade.
Perguntas para Reflexão:
- É possível garantir o bem-estar animal em sistemas intensivos sem o uso de antimicrobianos?
- Quais medidas de manejo poderiam substituir, parcial ou totalmente, o uso preventivo de antibióticos?
- O uso racional de antimicrobianos pode ser considerado uma prática ética, mesmo diante do risco de resistência bacteriana?
- Como equilibrar as demandas de bem-estar animal, sustentabilidade e saúde pública no contexto da produção intensiva?
- De que forma a capacitação e capacitação dos produtores podem contribuir para o uso mais responsável dos antimicrobianos?
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