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Estudo destaca a normalização de problemas de saúde em raças braquicefálicas - Grupo 1 - pontos que defendem o bem-estar

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(@thais-helena-viaro-bridi)
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Link da noticia: https://caesegatos.com.br/estudo-destaca-normalizacao-de-problemas-de-saude-em-racas-braquicefalicas/

Identificação do grupo: Beatriz Martins de Avila, Evellyn Viela Esteves Silva, João Vitor Singolani Gazola, Kennedy da Silva Alves, Mayara Toledo das Dores, Tatiana Mitie Miura,Thais Helena Viaro Bridi, Vinicius Hendy Morisugi.

Principais temas abordados: É possivel termos bem-estar em cães braquicefálicos? É correto colocar a seleção genética e as criações legalizadas como culpadas? Parar totalmente a criação destes animais é a solução?

 

Resumo da notícia:

Um estudo conduzido pela Royal Veterinary College (RVC), em parceria com a instituição Blue Cross do Reino Unido, analisou a percepção dos tutores sobre seus cães braquicefálicos, das raças: Bulldog Francês, Pug e Bulldog Inglês.  Este estudo aponta como essas percepções dificultam a melhoria do bem-estar dessas raças.

A pesquisa, realizada com mais de 2.000 tutores revelou que um em cada sete afirmou que nada os impediria de ter novamente um cão braquicefálico, mesmo sabendo dos problemas de saúde característicos desses animais, como dificuldades respiratórias, doenças oculares e infecções de pele. Os resultados mostraram que muitos tutores normalizam sinais de doenças, considerando a respiração ruidosa e o cansaço excessivo como algo normal para a raça. Outros ainda preferem esse comportamento “preguiçoso” desses cães, sem perceber que isso é consequência de limitações físicas. Ainda, um terço dos tutores acredita que essas características não reduzem a expectativa de vida, e as redes sociais contribuem para reforçar a popularidade dessas raças, já que muitos tutores as utilizam para divulgar e “monetizar” seus animais.

Como soluções, o estudo propõe educação pré-aquisição, divulgação de raças alternativas mais saudáveis, uso de histórias reais de tutores afetados e campanhas nas redes sociais que desmistifiquem crenças erradas sobre essas raças. A pesquisadora Rowena Packer destacou que preisamos mudar a forma como as campanhas são feitas, tornando-as mais emocionalmente envolventes e direcionadas aos canais onde os tutores buscam informações.

 

Principais argumentos:

O grupo defende que, apesar dos problemas genéticos e de saúde que os cães braquicefálicos apresentam atualmente, é possível reduzir tais problemas a partir do uso correto e responsável da seleção genética para que esses animais tenham maior bem estar e ainda apresentem algumas características físicas que agradem a população. Além disso, é muito importante a participação de médicos veterinários na fiscalização da reprodução e na conscientização da população em relação ao manejo desses animais para que eles tenham qualidade de vida. Para tanto, o grupo se utilizou dos seguintes argumentos:

  1. A definição de Bem-estar é a capacidade do animal de se adaptar ao ambiente em que convive, e estes animais, em um ambiente bem manejado, podem sobreviver bem, adaptados, sem dor constante. Falta de bem estar seria um estado de dificuldade de adaptação.
  2. Para as informações seguintes sobre bem-estar, deve-se levar em consideração que vivemos uma sociedade capitalista, onde o status social e o padrão estético é altamente disseminado no consciente e subconsciente do ser humano.
  3. Em canis verdadeiramente legalizados, a seleção é feita respeitando a manutenção da diversidade genética das raças, enquanto na multiplicação ao acaso, isto não é garantido.
  4. Assim como selecionamos características que podem impactar negativamente o animal, por estética, podemos selecionar características vantajosas com relação ao bem-estar.
  5. Como as pessoas não estão dispostas a abandonar as características da raça, podemos buscar selecionar animais com outras características que atenuem os males causados.
  6. Visando as características desejadas pelos tutores, podemos fazer a seleção de animais de forma a desviar do problema e ainda termos as características desejadas, como por exemplo a “preguiça”, ou as orelhinhas grandes, os olhinhos grandes. A seleção genética é uma ferramenta, o que fazemos com ela é uma escolha, não podemos demonizar a ferramenta.
  7. Os cães nesse caso, embora estejam sendo selecionados para serem braquicefálicos, também estão sendo selecionados para melhor se adaptarem na rotina e ambiente dessas pessoas. Um cão braquicefálico, gordinho com excesso de pele, não obrigatoriamente vai ter problemas ou doenças, e com o manejo adequado e todos os cuidados necessários, pode ser mantido bem.

 

Conclusão:

Iniciamos nossa discussão lembrando que convivemos em uma sociedade capitalista, onde status sociais e o padrão estético são altamente disseminados no consciente e subconsciente do ser humano. E nós como estudantes de medicina veterinária devemos sempre prezar pelo bem-estar animal dentro das condições sociais possíveis, mirando em um mundo ideal, mas com os pés firmes na realidade.

Na própria noticia em questão, temos o dado de que 1 em cada 7 tutores de braquicefálicos, não deixariam de adquirir estas raças, mesmo conhecendo os malefícios desta conformação corporal. Com isso, embora concordemos que esta conformação não favoreça o bem-estar, temos que considerar que, caso a reprodução legal das raças seja proibida, estes tutores continuariam a cruzar os animais por sua própria vontade, sem nenhum conhecimento técnico ou estudo genético, somente para preservar as caracteristicas que lhes agrada. Portanto, não podemos vetar a criação da raça, visando diminuir os cruzamentos aleatórios por tutores.

 Temos conhecimento sobre os canis ilegais, porém este tipo de mercado dificilmente é eliminado, e fechar canis legalizados só vai levar ao aumento destes canis clandestinos, que cruzam animais aleatoriamente, levando à maior incidência de doenças de caráter genético e, consequentemente, menor bem estar animal. Generalizar que todos os canis legalizados falham em garantir o bem-estar ignora o potencial que a criação responsável tem de promover avanços reais na saúde e na qualidade de vida dos animais.

Embora seja a seleção genética que tenha levado a esta raça braquicefálica, é a própria seleção genética que pode levar à atenuação dos danos, permitindo corrigir gradualmente os excessos estéticos, fortalecer a saúde das linhagens e diminuir a incidência de doenças de caráter genético, tudo isso levando ao melhor bem-estar animal. Dessa forma, a solução não é abandonar a seleção genética, mas sim fiscalizá-la, visto que é um avanço tecnológico que pode trazer benefícios.

Concluímos também que podemos utilizar a seleção genética para selecionar as características comportamentais desejadas pelos tutores, sem a conformação braquicefálica extrema. Como observamos na notícia, alguns tutores buscam estas raças por serem mais “tranquilas” e, portanto, podemos redirecionar a atenção dos tutores para outras raças com essa mesma característica. Além disso, embora estes animais tenham características desfavoráveis, isto não é um sinônimo de doença, de mal-estar.

Com manejo adequado, estes animais conseguem viver bem e saudáveis por um longo tempo, como por exemplo, o Snookie, um Pug Sul Africano, que viveu 27 anos e 284 dias, ou Gooner, uma Pug que faleceu aos 18 anos de idade, e inspirou um artigo publicado pelo seu tutor no Boston Herald. Por isso, é essencial que o médico veterinário atue como um agente de conscientização, orientando os tutores sobre os cuidados que as raças braquicefálicas demandam, por que cuidando adequadamente, temos o bem-estar.

 O acompanhamento preventivo, as intervenções cirúrgicas quando necessárias e o controle rigoroso da reprodução são medidas que podem garantir uma vida longa e com mais qualidade a esses animais. Dessa forma, a educação do tutor torna-se uma ferramenta fundamental para reduzir o sofrimento, sem recorrer a proibições absolutas que pouco contribuem para o bem-estar efetivo.

Outro ponto importante é o papel das políticas públicas e das entidades de classe na regulamentação da criação responsável. Ao invés de restringir completamente a reprodução, o caminho mais sensato é estabelecer critérios técnicos para a seleção de reprodutores, priorizando indivíduos com a melhor função respiratória, conformação moderada e temperamento equilibrado. A implementação de programas de certificação e incentivo à criação ética pode reduzir significativamente os problemas associados ao fenótipo braquicefálico extremo. Assim, é possível equilibrar o interesse humano por determinadas raças com o respeito à saúde e à dignidade dos animais.

Também é necessário compreender que o bem-estar animal não se limita apenas à anatomia ou à genética, mas envolve uma relação complexa entre ambiente, manejo e vínculo afetivo. Muitos cães braquicefálicos recebem cuidados intensivos e atenção constante de seus tutores, o que contribui positivamente para seu bem-estar psicológico e social. Ignorar esses fatores seria reduzir o conceito de bem-estar a um único aspecto biológico, desconsiderando a multifatorialidade que o compõe.

 

Perguntas para reflexão:

  1. “Se um cão braquicefálico recebe todos os cuidados necessários e vive com conforto e alegria, por que não considerar que ele tem bem-estar?”
  2. “É justo dizer que um animal não tem bem-estar apenas por causa da raça, mesmo quando seu tutor supre todas as suas necessidades e evita sofrimento?”
  3. “Até que ponto o cuidado humano pode compensar as limitações anatômicas e garantir bem-estar aos cães braquicefálicos?”

 

Outras fontes de pesquisa consideradas:

https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2009/05/090507_cadelavelhaml

https://www.oldest.org/animals/pugs/

https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2023/11/16/pugs-bulldogs-e-salsichas-a-busca-pela-perfeicao-estetica-causa-sofrimento-aos-caes.ghtml

https://vidadebicho.globo.com/comportamento/noticia/2022/02/os-10-cachorros-mais-longevos-do-mundo.ghtml


   
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