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[Sticky] Discussão Notícias

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(@andre-nogueira)
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Topic starter  

Olá, pessoal. Como conversado em sala de aula, trataremos sobre dois temas relevantes envolvidos na avicultura.

Um deles é sobre o abate de pintinhos de 1 dia e o novo projeto de lei que pretende acabar com essa prática e o outro tópico será a respeito dos métodos de abate religioso, Halal e Kosher.

Dado o projeto de lei que propõe a eliminação do abate de pintinhos machos no Brasil, quais são as principais vantagens e desafios para implementar tecnologias de sexagem de ovos em larga escala? Como você acha que isso impactará a indústria avícola?

Como você vê o equilíbrio entre a classificação do bem-estar animal e o respeito pelas práticas religiosas no contexto dos abates Halal e Kosher? Que alternativas poderiam ser consideradas para minimizar o sofrimento animal sem desrespeitar essas tradições?

Seguem algumas notícias como referência:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2421303

https://avinews.com/en/in-ovo-sexing-is-reality-for-animal-welfare/

https://maceio.com.br/politica/em-aprovacao-projeto-de-lei-proibe-metodos-crueis-no-descarte-de-pintos-machos-na-industria-avicola/

https://agro2.com.br/agricultura/mapa-regulamenta-abate-e-processamento-de-animais-para-mercado-religioso/

https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2024-04/brasil-regula-abate-e-processamento-de-animais-para-mercado-religioso

https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/mapa-publica-portaria-para-o-processamento-de-produtos-de-origem-animal-de-acordo-com-preceitos- religiosos

https://wikisda.agricultura.gov.br/dipoa_baselegal/port_676-2024_abate_autorizado_preceitos_religiosos.pdf

This topic was modified 1 month ago 3 times by André Nogueira

   
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(@vitoria-regina)
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Acredito que a maior vantagem, é sem dúvidas, o fim do sofrimento pela morte cruel e em massa das pintinhas machos em seu primeiro dia. Essa prática mostra a verdadeira face do agronegócio, que coloca o lucro acima do bem estar e dignidade animal.

Acho que o maior desafio na mudança é mudar a cultura dos produtores. Se for uma demanda generalizada, o comportamento mudaria tranquilamente, em busca de manter as vendas. Mas essas ainda são críticas de grupos específicos no Brasil. É necessário convencer os produtores a gastar mais com tecnologia em prol dos animais que ele está usando.

A aprovação da lei daria não só um passo em direção do bem estar animal na produção, mas também melhoraria a visão do Brasil no comércio nacional, o que é bom. Também é o emprego de mais tecnologia, o que implica na necessidade de mão de obra especializada para a prática, ou seja, uma faca de dois gumes: dignifica profissões e excluí a população pobre e sem instrução da cadeia produtiva, cada vez mais. E claro, exigiria mais gastos do produtor.

Ou seja, é a solução de um problema, mas primeiro é preciso convencer os produtores de que o problema existe.


   
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(@deborah-carvalho-homma)
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O projeto de lei que propõe a eliminação do abate de pintinhos machos recém eclodidos representa um avanço crucial na avicultura do Brasil. É distoante que a área de reprodução que, por um lado, avançou tanto cientifica e tecnologicamente - com incubadores e granjas que possuem cuidados específicos e rigorosos de biossegurança; com tempo definido de espera dos ovos antes da incubação de forma que não atrapalhe o desenvolvimento do embrião; com linhagens de matrizes e avós muito bem estabelecidas por meio de melhoramento genético, o que foi fruto de muito estudo -, ainda realize atividades arcaicas e comprovadamente cruéis como o abate de pintinhos recém eclodidos da forma que é feito.

Na minha opinião, o desafio é duplo. O primeiro é tornar esse assunto algo que mobilize a opinião pública. A técnica de sexagem in ovo é utilizada somente na Europa, local onde a sociedade civil se mobiliza amplamente em prol do bem-estar animal, impulsionando iniciativas como essa. Isso não é realidade no Brasil, e a apatia e ignorância dos consumidores fazem com que a pauta de bem-estar animal dificilmente se torne relevante. Com isso, os produtores também não dão a importância necessária para o assunto.

O segundo desafio é financeiro, já que se trata de uma tecnologia nova que demanda um grande investimento. Se esse valor vier dos recursos do produtor, mesmo com o prazo para adaptação previsto na lei, o projeto enfrentaria grande resistência, pois representaria, em primeiro lugar, um gasto, e as vantagens viriam em segundo plano. Uma alternativa seria o governo oferecer um benefício para os produtores que se adequarem à prática, incentivando-os, e ainda por cima promovendo o bem-estar animal.


   
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(@jessica-tiemi-katsuda)
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@vitoria-regina Concordo com a Vitória.

Sabemos que existe forma de sexagem in ovo, que permitiria que os pintinhos machos fossem descartado antes de eclodirem, - embora, na minha visão, isso não deixa de ser menos cruel, mas voltando a questão - existe uma alternativa para evitar a prática de descarte de pintinhos após a eclosão. As vantagens para avicultura são várias: diminuiria os gastos de manutenção de ovos que com machos; permitiria aumentar a incubação de ovos com fêmeas; menor gasto com o descarte dos animais. No entanto, como a Vitória ressaltou, o maior desafio será convencer os produtores a aceitar esse tipo de tecnologia. Como foi dito pela diretora de operações Carmen Uphoff do grupo respeggt na Alemanha ao AviNews, “Um incubatório deve ter volume amplo para tornar essa tecnologia acessível”. Porém, me questiono se houvesse mais investimento, não haveria barateamento dessa tecnologia? Talvez o que se necessita é implantação dessa tecnologia como uma prática comum na avicultura, pois, dessa forma, haveria mais incentivo à tecnologia inovadoras em prol do Bem estar animal.

Costumo ver a produção animal com maus olhos, pois, na maioria das vezes, o animal é visto apenas como uma mercadoria e o bem estar, apenas como uma "técnica" para aumentar o lucro dos produtores, embora seja uma necessidade dos animais. Por isso, achei um grande avanço que um projeto de lei como esse esteja em tramitação aqui no Brasil. Isso é um grande avanço para a implementação das prática de bem estar animal na produção brasileira. Para avicultura, será um tecnologia de grande impacto, com retorno econômico significativo aos produtores. A questão é que o processo de convencimento dos produtores pode ser laborioso, já que é difícil convencer produtores tradicionais investirem em uma tecnologia relativamente cara para um retorno ao longo prazo. Mas acredito que essa Lei possa tornar um grande incentivo aos avicultores a implementarem essa tecnologia em suas granjas. As pessoas respondem mais quando pesa no bolso. 

Será um grande avanço para a indústria avícola, mas quero crer que, daqui a pouco, será uma prática comum, o que possibilitará um menos sofrimento, permitindo maior bem estar e dignidade à esses animais. 


   
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(@fernanda-lopes-da-silva)
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A temática do bem-estar animal X abates religiosos é uma área que permite extensos debates, pois envolve a interseção entre tradições culturais/religiosas e a ciência moderna do bem-estar animal. Tenho dois amigos muçulmanos e consultei-os antes de escrever esse texto, e também pesquisei sobre o funcionamento desses abates, e o quão diferentes eles são dos abates convencionais, onde o animal é insensibilizado.
Eles me explicaram um pouco do contexto religioso por trás dessa tradição; inclusive, existe uma festividade religiosa denominada Eid-al-Adha onde há o abate em massa de cordeiros e outros animais para que a carne seja distribuída entre a parcela mais pobre da população. Ainda que o abate halal ("permitido", em árabe) deva ser feito enquanto o animal ainda está consciente, meus amigos me garantiram que o abate deve ser feito o mais rápido possível e de forma indolor, e que todo o sangue do animal deve ser drenado e, após isso, a carne deve ser muito bem lavada para que não restem resquícios de sangue. O abate e a sangria devem ser feitas por um especialista religioso, que realiza uma oração durante o procedimento, conforme é previsto no Alcorão.
O abate kosher, para os judeus, opera de maneira semelhante: não devem haver traços de sangue na carne e em nenhum outro produtos de origem animal, e esses devem ter acompanhamento e fiscalização de um líder religioso desde o início da vida dos animais. Porém, algumas comunidades judaicas já adotam a insensibilização do animal pré-abate, sobretudo em países europeus onde as leis de bem-estar animal são mais rigorosas.

Por mais que existam princípios científicos que visam reduzir o sofrimento dos animais ao mínimo possível, sobretudo no momento do abate, devemos entender que algumas dessas tradições religiosas estão enraizadas em certas sociedades. É essencial lembrar também que os rituais religiosos não visam o sofrimento, mas sim o respeito e a dignidade da vida do animal, além de proporcionar que a comunidade religiosa coma com consciência em relação à fonte do alimento e o propósito da alimentação. O equilíbrio ideal é aquele que respeita a diversidade cultural e religiosa, mas também reconhece a importância de tratar os animais de forma ética, sempre que possível, minimizando o sofrimento.
É possível encontrar um meio termo: os cortes devem ser precisos, rápidos e minimamente dolorosos, o abatedor deve ser treinado para realizar o procedimento desse modo. Pode haver, também, uma insensibilização rápida logo após o corte, visando minimizar o estresse e a dor do animal. Além disso, a fiscalização rigorosa durante o abate é essencial para garantir que ele seja feito de forma que evite o sofrimento desnecessário. Por fim, equilíbrio entre bem-estar animal e abate religioso pode ser alcançado com diálogo e colaboração entre autoridades religiosas, veterinários e especialistas em bem-estar animal.


   
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(@manoella-bertolo-silva)
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O abate de pintinhos de apenas um dia de idade é uma prática cruel que reflete a busca incessante de lucro a despeito do bem-estar animal que ainda está muito presente na produção animal. Dito isso, o Projeto de Lei em questão (PL n. 783/2024) representa um avanço nesse contexto ao proibir essa prática. Do ponto de vista produtivo e econômico, concordo com o apresentado pela Jéssica Tiemi e pela Vitória Regina. Essa alternativa poderia não só poupar e/ou redirecionar os recursos para os ovos que de fato serão utilizados pela indústria de postura, mas também deixaria o Brasil com uma boa imagem no mercado internacional, visto que o bem-estar animal vem ganhando cada vez mais espaço (mesmo que lentamente). No entanto, nem tudo são flores. Para além dos desafios já comentados (aceitação por parte dos produtores, custo, espaço, opinião pública, entre outros), também me questiono se o emprego de tal mecanismo de sexagem não acabaria sendo repassado para o consumidor, o que acabaria acrescentando um fator social relevante para além do econômico, que é o que costuma se sobressair. Ademais, o modelo de sexagem in ovo apresentado ainda não aguenta toda a produção que temos atualmente, o que também é um fator limitante para o emprego dessa tecnologia em larga escala. Embora tenha ainda muita estrada pela frente na questão de bem-estar na produção animal, medidas como essa são pequenos passos que estão sendo dados rumo a um cenário melhor para os animais.


   
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(@gabriel-gutierrez-de-lima)
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A notícia sobre a obrigatoriedade da sexagem in-ovo é muito benéfica para a promoção de bem-estar animal. Atualmente, o abate de pintinhos recém-nascidos é feito a por meio de métodos inadequados, que causam sofrimento ao animal, como o sufocamento, ou podem causar, em caso de acidentes ou metodologia indevida, como a eletrocussão e o esmagamento. A prática não é vantajosa somente para os animais, como também, para os produtores que conseguirem aderir à nova tecnologia, pois economiza recursos para a incubação de ovos improdutivos e melhora a visibilidade brasileira no cenário econômico mundial. Porém, sabendo como a prática é diferente da teoria, acredito que, mesmo a após o projeto de lei, o abate de pintinhos continuará naquelas propriedades que não adotarem a sexagem. Por isso, é importante implementar um processo de fiscalização eficaz e punitivo.


   
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(@enricoferraz)
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Não é de hoje que o extremismo, seja ele político ou religioso, traz consequências às mais amplas esferas da sociedade, o filósofo italiano Norberto Bobbio que estudava as relações políticas e extra-políticas entre a direita e a esquerda, enfatizava que "os extremos se tocam", isso significa que grupos com crenças e ideologias distintas tem tanto em comum, quanto suas diferenças, pelo simples fato que pertencerem ao lado extremista, que se contrapõe a ao lado moderado. Essa concepção pode, facilmente, ser extrapolada para as crenças religiosas, deixo claro aqui, que não busco ofender quaisquer religiões, mas trazer questionamentos dessa interface religião x ética/moral. 

Em um estudo "Abate halal com e sem insensibilização em ovinos: implicações sobre o bem-estar
animal e a eficiência da sangria - A. Sterza, M.K. Falbo, I.E. Sandini, D.D. Pivatto.", 102 ovinos foram divididos em 2 grupos, um com insensibilização por eletronarcose (CI) e outro sem insensibilzação (SI), conforme as práticas ortodoxas do abate Halal, ambos os grupos foram submetidos ao abate Halal. Foi avaliado reflexo de endireitamento, a respiração rítmica (narinas e flanco) e o reflexo corneal após o abate Halal e o com insensibilização, a fim de perceber, até quando os animais ainda estavam conscientes e sem presença de morte cerebral completa. O estudo concluiu que "Os animais sem insensibilização apresentaram sinais de endireitamento e vocalização após 20segundos da degola. Os biomarcadores séricos LDH, CK, lactato e cortisol indicaram que houve estresse no abate halal com e sem insensibilização. A eficiência da sangria é maior em animais sem insensibilização. Bom, eu quis trazer esse estudo, para mostrar um argumento, com base em evidências científicas, que esses animais, estão conscientes e muito possivelmente sofrem e sentem dor nesse processo, um outro estudo "SABOW, A.B.; GOH, Y.M.; ZULKIFLI, I. et al. Blood parameters and electroencephalographic responses of goats to slaughter without stunning. Meat Sci., v.121, p.148-155, 2016." concluiu que cabritos  abatidos sem insensibilização perdem o reflexo pupilar somente 2,44 minutos após a degola. Sendo assim, se formos nos pautar na ciência, o abate Halal traz prejuízos ao estado físico, psíquico e emocional desses animais e isso pode ser, em parte e com cautela, levado as aves, além de não ser tão rápido, como alguns religiosos dizem ser, isso também pode ser extrapolado para o abate Kosher, que utiliza de práticas bastante semelhantes. Desse modo, há prejuízos nos níveis de Bem Estar que esses animais são expostos.

Obviamente, as questões religiosas e a ciência têm seus atritos, mas na minha opinião, eu acho que se alguma prática cultural, religiosa, de alguma crença, costume etc. fere de alguma maneira a integridade física, psíquica e emocional de algum indivíduo, seja ele animal humano ou não humano, ela deveria ser repensada. Eu sei que olhando de fora, como alguém que não faz parte dessa religião talvez pareça muito fácil e utópico dizer que isso deveria acabar, mas também, devo me atentar a tentar olhar, nem que seja um pouco, pelo lado dessas duas religiões que de alguma maneira têm esse costuma/ritual/crença incorporado em seu modo de vida e enraízado por gerações. Entretanto, eu como futuro médico veterinário, não posso fechar meus olhos para o sofrimento (solucionável) que esses animais estão sendo submetidos, isso porque essas ações não ficam isoladas somente no campo das ideias, mas ela reverberam e assumem um caráter violento no mundo físico, especificamente com esses animais, que acabaram passando por isso, por uma forma ideológica maior que a razão. 

Na Bélgica, por exemplo, no começo de janeiro, em Flandres (uma das três regiões do país), uma norma proibiu a matança de animais sem que eles tenham sido previamente insensibilizados."Eles querem continuar vivendo na Idade Média e querem continuar sacrificando sem insensibilizar o animal e sem obedecer a lei. Bom, lamento: na Bélgica, a lei está por cima da religião e assim permanecerá", disse ao jornal The New York Times Ann de Greef, diretora da associação GAIA (sigla em inglês para Ação Global pelos Interesses dos Animais). Esse foi um dos argumentos utilizados para a proibição do abate Halal e Kosher nesse país, o que pode ter sido considerado uma prática mais estrita e rigorosa, porém extremamente válida, quando olhamos pelo lado da ciência. Uma das grandes formas de tentar mostrar para uma pessoas as consequências de suas ações, sejam elas baseadas em um moral própria, em crenças religiosas ou práticas políticas, é trazendo a empatia para jogo, demonstrando que esses animais estão em sofrimento, se isso, por si só, não for suficiente, talvez deve-se optar por fatos e evidências científicas (como os estudos que eu trouxe acima), então, tentar buscar soluções para um "meio do caminho", o uso de fármacos que tirem a dor do animal na hora do abate (opióideis potentes talvez, assim o animal continuaria vivo, como a religião deseja, mas talvez isento de dor), a insensibilização sem morte/parada cardíaca do animal, mas sim com ausência da consciência para só então prosseguir para o abate, animal submetido a anestesia ou algo do tipo (tomando o devido cuidado para seu consumo e período de carência). Se nada disso for efetivo, talvez optar por uma medida mais rigorosa. 

A verdade é que há séculos o mundo foi repleto de práticas que tragam prejuízos, sofrimento, dor e morte a grupos específicos da sociedade e, hoje em dia, muitas não são mais aceitas pela sociedade.  Todavia, essa questão não deve se pautar somente em opiniões e ponto de vista, mas sim abordar os princípios constitucionais e legais, dos diretos dos animais e dos direitos da proteção à cultura e religião e a partir desse diálogo, tentar compreender quem está sofrendo mais, a religião, a lei ou os próprios animais. Infelizmente, o próprio Direito possui lacunas legais, uma vez que, as relações humanas tem um grau tremendo de complexidade. Mas no meu ver, se uma prática prejudica algum outro grupo, ela dev ser repensada, aliás os seres humanos aprendem e evoluem conformem olham para o passado, não há muito tempo atrás, sacríficios humanos, queimada de bruxas, castramento de jovens para preservar a voz aguda em coros litúrgicos (eunuques), escravidão religiosa, infanticídio (principalmente de meninas, para oferendas), açoitamento e flagelação eram práticas que tinham como justificativa para sua ocorrência a sua religião, mas que hoje em dia, a maioria são proibidas por lei pois ferem o direto a vida, mais do que ferem a religião. Desse modo, deixo um questionamento: Será que não estamos fechando os olhos para os abates Halal e Kosher, como no passado, pessoas fecharam os olhos para práticas perversas e maléficas com medo de cometer um ataque às religiões e promover intolerância religiosa? Acredito, que tudo nesse mundo tem limite quando sua existência fere o outro, seja cultura, costume, crença, política ou, até mesmo, a religião. 

 

 


   
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(@gabriela-braulio-cancela)
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O abate dos pintainhos machos no primeiro dia de vida representa um dos desafios da produção avícola, quando se trata de poedeiras, o que representa uma das inúmeras situações em que a produção animal falha com o bem-estar e visa apenas o lucro. A proposta de lei é interessante , já que visa eliminar uma das crueldades animais que ocorrem na produção. Suas principais vantagens são: Bem-estar animal, já que não ocorrerá o abate desses animais com apenas 1 dia de vida; a industria pode se alinhar melhor com as exigências da sociedade a respeito da responsabilidade social e ambiental; a sexagem e seleção de apenas pintainhas fêmeas pode reduzir custos operacionais a longo prazo. Os desafios são: os custos de implementação, nem todos os produtores podem atender à nova lei e quem sempre se ferra com as novas tecnologias são os pequenos produtores; convencer os produtores, uma vez que será necessário realizar um investiimento e muitos dos grandes produtores pensam apenas em dinheiro, o que está acima do bem estar animal para eles, será difícil convencê-los; além de que será necessário treinamento e capacitação de pessoas. Em relação ao impacto para indústria avícola, tal medida trará uma visão positiva para a produção Brasileira, o que poderá trazer novas oportunidades de mercado. Porém pequenos produtores que não conseguirem se adaptar  a essA nova realidade podem cair.


   
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(@evelyn-pasqualini)
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No que diz respeito a eliminação do abate de pintinhos machos no Brasil, eu acredito que a indústria avícola será grandemente impactada (em um cenário nacional e internacional) não somente por esta medida, mas também pelo advento da adoção de tecnologias de sexagem in-ovo como solução para tal. Este representa um grande passo para o bem-estar animal, mas também um grande avanço no que diz respeito ao melhor uso dos recursos, tempo e dinheiro empregados nos incubatórios, tendo em vista que os machos, uma vez identificados antes de 13 dias de incubação, além de não sentirem dor diante do processo de descarte, são eliminados precocemente, evitando gastos adicionais com a incubação destes mesmos ovos no futuro. No entanto, também é importante reconhecer que, apesar destas visíveis vantagens, tais tecnologias não são baratas de serem empregadas nos incubatórios, e pior ainda, ainda nem estão disponíveis no Brasil.
Deste modo, é preciso tomar cuidado e se atentar à solução do problema, isto porque, não basta proibir o abate de pintinhos de um dia de vida, visando o seu bem-estar, se antes não existir uma medida viável e acessível que permite o descarte de tais pintinhos mais cedo. Além disso, não basta proibir e obrigar os produtores a se adequarem à lei, é necessário que as pessoas entendam a importância do bem-estar destes animais, e porquê tais medidas se fazem tão necessárias e urgentes.


   
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(@luisa-kawachi-chaves)
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A questão dos abates religiosos é bastante complexa, uma vez que abrange, não só a temática de bem-estar animal, mas também aspectos religiosos/culturais. Muitas vezes, tendemos a julgar o que não conhecemos, sem antes mesmo de buscarmos informações para construir uma opinião sólida e baseada em fatos. Eu mesma, antes de pesquisar sobre o assunto, tinha certos preconceitos acerca do tema, então decidi ir mais afundo e entender as motivações e questões envolvidas nos abates religiosos. 

Primeiramente, achei interessante compreender o porquê tanto o abate Kosher quanto o Halal exigem que os animais estejam conscientes durante o processo. Encontrei que a consciência do animal é tida como forma de respeito a vida e a insensibilização pode ser vista como uma forma de desumanização. Depois, achei necessário aprender como esses abates são realizados. Pesquisei sobre a técnica e notei que ambos presam por uma morte rápida e indolor, de forma a respeitar o animal, conferindo uma rápida perda de consciência do mesmo. Dessa forma, é feita, teoricamente, uma degola rápida, com apenas um movimento de faca, proporcionando uma insensibilização quase instantânea.  

Apesar de não entender completamente como a insensibilização antes do abate seria uma forma de desumanização, fiquei mais aliviada em saber que pelo menos na teoria esses métodos promovem uma morte "respeitosa" e indolor. Assim, fui buscar vídeos reais de tais métodos de abate para verificar se a teoria condizia com a realidade e infelizmente me deparei com algo completamente diferente do que encontrei nas minhas pesquisas. Em muitos dos vídeos, não havia um "corte único e rápido", na verdade, eram feitos múltiplos cortes, os quais muitas vezes não eram suficientes para provocar a perda da consciência e claramente proporcionavam bastante dor e sofrimento ao animal. Além disso, existem outras questões que vão contra os princípios de bem estar, como por exemplo o fato de que, em alguns desses abatedouros, os animais era içados por uma de suas patas traseiras para a realização da degola, o que proporciona dor e medo e certamente vai contra qualquer preceito de bem-estar animal. 

Sendo assim, apesar de que na teoria, o abate religioso respeita os animais e promove uma morte indolor, a prática está bastante longe disso. Uma das propostas para resolver essa problemática, seria a proibição de abates religiosos no Brasil, como fizeram alguns países, como a Dinamarca, a Noruega e a Suíça. No entanto, essa proibição recairia sobre questões de intolerância religiosa e cultural. Dessa forma, acredito que a melhor maneira de tentar equilibrar os abates religiosos com o bem estar seria promover algumas mudanças na forma que são sendo realizados. Ao meu ver, um abate que visa evitar o sofrimento é um interesse em comum, tanto de quem é contra o abate religioso, quanto de quem é a favor. Sendo assim, mostrar que muitas vezes os abates que estão sendo realizados não seguem os princípios Halal ou Kosher, uma vez que não promovem uma morte rápida e indolor, seria um primeiro passo para a mudança. Depois, deve haver uma garantia de que os mesmos estão seguindo tais princípios e estão buscando o bem estar, por meio de rigorosas fiscalizações e monitoramento. Por mais que na minha concepção seja difícil garantir que essas questões sejam, de fato cumpridas, acredito que essa seja a opção mais viável, apesar de não ser a que mais me agrada. 


   
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(@enricoferraz)
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Posted by: @enricoferraz

Não é de hoje que o extremismo, seja ele político ou religioso, traz consequências às mais amplas esferas da sociedade, o filósofo italiano Norberto Bobbio que estudou as relações políticas e extra-políticas entre a direita e a esquerda, enfatizava que "os extremos se tocam ", isso significa que grupos com crenças e ideologias distintas têm tanto em comum, quanto suas diferenças, pelo simples fato que pertencem ao lado extremista, que se contrapõe ao lado moderado. Essa concepção pode, facilmente, ser extrapolada para as religiosas, deixo claro aqui, que não busca ofender quaisquer religiões, mas traz questionamentos dessa interface religião x ética/moral. 

Em um estudo "Abate halal com e sem insensibilização em ovinos: implicações sobre o bem-estar
animal e a eficiência da sangria - A. Sterza, MK Falbo, IE Sandini, DD Pivatto.", 102 ovinos foram divididos em 2 grupos, um com insensibilização por eletronarcose (CI) e outro sem insensibilização (SI), conforme as práticas ortodoxas do abate Halal, ambos os grupos foram submetidos ao abate Halal. Foi avaliado o reflexo de endireitamento, a respiração rítmica (narinas e flanco) e o reflexo corneano após o abate Halal e o com insensibilização, a fim de perceber, até quando os animais ainda estavam conscientes e sem presença de morte cerebral completa. O estudo concluiu que "Os animais sem insensibilização apresentaram sinais de endireitamento e vocalização após 20 segundos da degola. Os biomarcadores séricos LDH, CK, lactato e cortisol indicaram que houve estresse no abate halal com e sem insensibilização. A eficiência da sangria é maior em animais sem insensibilização. Bom, eu quis trazer esse estudo, para mostrar um argumento, com base em evidências científicas, que esses animais, são conscientes e muito possivelmente afetados e sentem esse processo, um outro estudo "SABOW, AB; GOH, YM; ZULKIFLI, I. et al. Parâmetros sanguíneos e respostas eletroencefalográficas de caprinos ao abate sem atordoamento. Meat Sci., v.121, p.148-155, 2016." concluiu que cabritos abatidos sem insensibilização perdem o reflexo pupilar somente 2,44 minutos após a degola. Sendo assim, se formos nos pautar na ciência, o abate Halal traz Prejuízos ao estado físico, psíquico e emocional desses animais e isso pode ser, em parte e com cautela, levado às aves, além de não ser tão rápido, como alguns religiosos dizem ser, isso também pode ser extrapolado para o abate Kosher, que utiliza de práticas bastante semelhantes. Dessa forma, há prejuízos nos níveis de Bem Estar que esses animais estão expostos.

Obviamente, as questões religiosas e a ciência têm seus atritos, mas na minha opinião, eu acho que se alguma prática cultural, religiosa, de alguma crença, costume etc. fere algum animal humano ou não humano, ela deveria ser repensada. Eu sei que olhando de fora, como alguém que não faz parte dessa religião talvez pareça muito fácil e utópico dizer que isso deveria acabar, mas também, devo me atentar a tentar olhar, nem que seja um pouco, pelo lado dessas duas religiões que de de alguma maneira têm esse costume/ritual/crença incorporada em seu modo de vida e enraízada por gerações. Entretanto, eu como futuro médico veterinário, não posso fechar meus olhos para o sofrimento (solucionável) que esses animais estão sendo submetidos, isso porque essas ações não ficam isoladas apenas no campo das ideias, mas ela reverberam e assumem um caráter violento no mundo físico. , especificamente como esses animais, que acabaram passando por isso, por uma forma ideológica maior que a razão. 

Na Bélgica, por exemplo, no começo de janeiro, na Flandres (uma das três regiões do país), uma norma proíbe a matança de animais sem que eles tenham sido previamente insensibilizados."Eles querem continuar vivendo na Idade Média e querem continuar sacrificando sem insensibilizar o animal e sem obedecer a lei. Bom, lamento: na Bélgica, a lei está por cima da religião e assim permanecerá", disse ao jornal  The New York Times  Ann de Greef, diretora da associação GAIA (sigla em inglês para Ação Global pelos interesses dos animais). Esse foi um dos argumentos utilizados para a proibição do abate Halal e Kosher nesse país, o que pode ter sido considerado uma prática mais estrita e rigorosa, porém extremamente válida, quando olhamos pelo lado da ciência. Uma das grandes formas de tentar mostrar para uma pessoa as consequências de suas ações, sejam elas baseadas em uma moral própria, em convicção religiosas ou práticas políticas, é trazer empatia para o jogo, demonstrando que esses animais estão em sofrimento, se isso, por se só, não por suficiente, talvez deva-se optar por fatos e evidências científicas (como os estudos que eu trouxe acima), então, tente buscar soluções para um "meio do caminho", o uso de medicamentos que tirem a dor do animal na hora do abate (opióideis potentes talvez, assim o animal continueia vivo, como a religião deseja, mas talvez isento de dor), a insensibilização sem morte/parada cardíaca do animal, mas sim com ausência da consciência para só então obrigação para o abate , animal submetido a anestesia ou algo do tipo (tomando o devido cuidado para seu consumo e período de carência). Se nada disso for efetivo, talvez opte por uma medida mais rigorosa. 

A verdade é que há séculos o mundo esteve repleto de práticas que trouxeram prejuízos, sofrimento, dor e morte a grupos específicos da sociedade e, hoje em dia, muitas não são mais aceitas pela sociedade. Contudo, essa questão não deve se pautar apenas em opiniões e ponto de vista, mas sim abordar os princípios constitucionais e legais, dos direitos dos animais e dos direitos da proteção à cultura e religião e a partir desse diálogo, tentar compreender quem está prejudicando mais, a religião, a lei ou os próprios animais. Infelizmente, o próprio Direito possui lacunas legais, uma vez que, as relações humanas têm um grau tremenda de complexidade. Mas no meu ver, se uma prática prejudicada algum outro grupo, ela deve ser repensada, aliás os seres humanos aprendem e evoluem conforme olham para o passado, não há muito tempo atrás, sacrifícios humanos, queimada de bruxas, castramento de jovens para preservar a voz aguda em coros litúrgicos (eunuques), escravidão religiosa, infanticídio (principalmente de meninas, para oferendas), açoitamento e flagelação eram práticas que tinham como justificativa para sua ocorrência a sua religião, mas que hoje em dia, a maioria são proibidas por lei pois ferem o direto a vida, mais do que ferem a religião. Desse modo, deixo um questionamento: Será que não estamos fechando os olhos para os abates Halal e Kosher, como no passado, as pessoas fecham os olhos para práticas perversas e maléficas com medo de cometer um ataque às religiões e promover a intolerância religiosa? Acredito, que tudo nesse mundo tem limite quando sua existência fere outro, seja cultura, costume, crença, política ou, até mesmo, uma religião. 

 


   
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(@felipe-lima-da-silva)
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A medida que proíbe o descarte de pintinhos de 1 dia é benéfica no que diz respeito aos princípios do bem estar animal. Quando os princípios do capitalismo ultrapassam os limites da vida em prol do lucro cabe ao Estado intervir, de forma que a vida destes animais seja preservada. 

A vantagem da sexagem in ovo seria impedir que tantos animais sejam descartados. Uma das dificuldades seria ensinar aos produtores todo o processo de sexagem, demonstrando que é possível adequar o bem estar e a produção animal de uma maneira menos predatória. 

O impacto desta medida na cadeia produtiva avícola seria o aumento nos indices de bem estar animal, a melhora da saúde até mesmo das pessoas que realizam esses descartes, uma vez que geralmente são pessoas de baixa escolaridade e renda e que podem ser impactadas mentalmente pelo sofrimento causado aos animais. 

Portanto, o ganho no que diz respeito ao bem estar animal seria alto. 


 


   
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(@gabriela-rodrigues-macambyra)
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Não acredito que seja possível alcançar um equilíbrio verdadeiro entre o abate religioso e o bem-estar animal, pois, para a realização desse tipo de abate, é necessário que o animal esteja consciente durante todo o processo. Esse fato implica diretamente em dor e sofrimento, uma vez que o animal permanece sensibilizado durante o procedimento. Ainda que seja executado de maneira rápida, a consciência do animal não permite que o sofrimento seja evitado, o que vai contra os princípios do bem-estar animal. No entanto, é inegável que as pessoas que seguem religiões que exigem esse tipo de abate também possuem o direito de consumir proteínas de origem animal que atendam aos seus preceitos religiosos. 


   
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(@alice-alvarenga)
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A indústria avícola nacional será positivamente impactada pelo projeto de lei que propõe extinguir o abate de pintinhos machos no primeiro dia de vida. A vantagem principal da adoção de tecnologias que realizam sexagem in-ovo seria, em um primeiro plano, econômica uma vez que não ocorreria gasto de tempo ou dinheiro na incubação dos pintinhos machos. Paralelamente, haveria então melhor gestão dos recursos e otimização da produção aviária. Da mesma forma, a sexagem in ovo impediria que ocorrese a mrote cruel e dolorosa dos pintinhos que, ao 1° dia de vida, apresentam sistema nervoso desenvolvido capaz de sentir estímulos dolorosos. Se os ovos que contém machos forem identificados até 13 dias de incubação, são eliminados antecipadamente e não há dor no processo de descarte. Outra vantagem importantíssima que essa tecnologia traria é o aumento do bem estar animal na cadeia de produção de pintainhos.

Entretanto, é importate salientar que não é fácil a implementação desse tipo de tecnologia (sexagem in-ovo em escala industrial) para eliminar o abate de pintinhos machos no seu primeiro dia de vida. Os custos, evidentemente, são altos e cabe a consiscentização e adesão de produtores. Para isso, outro desafio que deve ser superado é a sensibilização da população: Ao mobilizar a classe consumidora, os produtores tendem a investir em ferramentas e tecnologias a suprir as demandas do mercado. Isso infelizmente ainda não é realidade do Brasil, em que consumidores tendem a não estar a par do processo produtivo. 


   
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