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O descarte dos bezerros machos em produções leiteiras é caracterizado como um procedimento que desrespeita o bem estar e o direito dos animais, sendo fundamental a diminuição da ocorrência dessa prática desumana dentro da produção animal.
Assim, visando integrar de forma mais ética e sustentável os bezerros machos na produção de leite, é importante criar sistemas que utilizem esses animais para carne, a partir de práticas de bem-estar animal - como melhor manejo e alimentação. Outra possível medida é a adoção de programas de reintrodução em pastagens e inovação genética, além da utilização de sêmen sexado.
A indústria deve implementar práticas sustentáveis e desenvolver produtos a partir de carne de bezerros machos. Por outro lado, o governo pode fornecer incentivos fiscais para empresas que apliquem essas boas práticas, além de promover a educação dos produtores e agricultores. Por fim, os consumidores têm o papel fundamental de dar preferência por produtos de empresas que respeitem o bem-estar animal e apoiar iniciativas locais. Essa colaboração tem o potencial de modificar a situação atual, promovendo um sistema de produção mais ético, sustentável e, sobretudo, baseado no bem estar e no direito dos animais.
Esse tema como um todo engloba inúmeros problemas e a indústria deve repensar urgentemente o que fazer para elevar os níveis de Bem Estar Animal, mas vou citar o poder que as diferentes esferas podem exercer e as mudanças que devem ocorrer
1. SOCIEDADE/CONSUMIDORES
> a sociedade tem muito poder sobre tais decisões, sobretudo, quando entendemos o conceito de "Licença Social para Operar" (LSO), o que isso significa? Que a sociedade tem o poder de definir se a existência de alguma prática/evento/empresa deve ou não existir a partir de sua manifestação (boicote daquele produto - ou seja, interromper o consumo, manifestações, produção de materiais que divulgam e denunciam etc.). Sendo assim, nós consumidores que ditamos boa parte das regras, porque o mercado é pautado nas compras que nós realizamos, se elas param, por extensão, as práticas/empresas param. Não foi a indústria de ovos que quis por livre espontânea vontade tirar as galinhas de gaiola, mas houve uma pressão da sociedade para tal.
2. GOVERNO
> O governo alcança níveis federais, se preciso, sobretudo quando falamos do MAPA, ou seja, a partir do momento que for determinado que tais práticas devem ser banidas, reestruturadas, reformuladas e substituídas, com base no que chamamos de pirâmide de Kelsen ordens superiores (Federais) devem ser respeitadas e exercidas por níveis inferiores (Estados, Municípios, fazendas leiteiras), desse modo, ao alterar leis e propostas em portarias no MAPA, etc novas medidas são mandatórias e multas, punições devem ser aplicadas aos estabelecimentos que se comportem ao contrário.
3. INDÚSTRIA
> Sexagem de bezerros
> Permitir que animais (machos ou fêmeas) fiquem mais tempos com suas mães, possibilitando um desmame gradual e que gerem menos estresse, independentemente, se essa práticas seja um pouco mais custosa, o mercado deve sempre se repensar.
> Evitar a colostragem / dar colostros desses bezerros, chega a ser perigoso para a Saúde única, a depender do ambiente que esses animais ficam expostos e o tempo de vida que eles têm, os mesmos podem adquirir inúmeras doenças e transmiti-las para os consumidores de sua carne ou para os funcionários da propriedade. Podendo aumentar os riscos de transmissão de zoonoses.
> O trabsporte desses animais deve ser inviabilizado casos eles não estejam aptos para tal, quaisques danos à saude desses animais, fere seus direitos e deve ser banido.
O abate de bezerros machos na pecuária leiteira é uma prática amplamente cruel. Em muitas fazendas leiteiras, os machos são considerados economicamente inúteis, já que não produzem leite e, em raças específicas, sua carne é menos valorizada do que a de outras raças criadas exclusivamente para a produção de carne. Essa percepção levou à prática comum de abater os bezerros machos logo após o nascimento ou em estágios muito iniciais de vida, o que desperta discussões éticas, visto que a vida desses animais é interrompida de forma brutal e desnecessária.
No entanto, existem alternativas que poderiam eliminar essa prática, se houvesse maior compromisso por parte da indústria e do setor agropecuário. A inseminação artificial com sêmen sexado é uma solução tecnológica avançada que permite a seleção do sexo dos bezerros. Ao optar por esse método, os produtores podem garantir um número maior de fêmeas, que são fundamentais para a continuidade da produção leiteira, reduzindo o nascimento de machos. Embora o sêmen sexado tenha um custo elevado, seus benefícios a longo prazo, tanto econômicos quanto éticos, podem compensar o investimento inicial, especialmente se houver incentivos financeiros para popularizar a tecnologia entre pequenos e médios produtores.
Outro caminho viável é a criação dos bezerros machos para reprodução ou para a produção de carne, principalmente em raças de dupla aptidão. Estas raças são selecionadas para apresentar bom desempenho tanto na produção de leite quanto de carne, permitindo que os machos possam ser criados e utilizados para o abate de carne de qualidade. O uso dessas raças, no entanto, requer planejamento genético, investimento em manejo específico e o desenvolvimento de mercados que valorizem esse tipo de carne, o que nem sempre é imediato.
A doação dos bezerros machos para produtores que possam criá-los é uma solução que também precisa ser explorada de forma mais ampla. Muitos pequenos produtores que possuem capacidade de manejo adequado para criar os animais poderiam se beneficiar, gerando um ciclo produtivo mais sustentável. No entanto, essa alternativa depende de uma boa logística, bem como de políticas que facilitem a transferência desses animais, garantindo que sejam tratados de forma adequada e com respeito ao seu bem-estar.
É de grande tragédia o tratamento dado a esses bezerros machos. Para contornar essa situação pode ser aplicada biotecnologias, como uso de sêmen sexado e para isso, o governo precisa dar incentivos fiscais e investimentos para melhorar o acesso à essa tecnologia. Isso deve ser em vista do longo prazo. Já a médio prazo pode ser desenvolvido sistemas de engorda nas propriedades de forma a produzir carne desses animais de forma a visar o bem-estar e retorno econômico. Uma iniciativa interessante também é a doação desses bezerros a pequenos produtores, o que pode ser feito com acompanhamento veterinário do serviço oficial e até introdução de tecnologias de inseminação artificial para incrementar segurança.
Algumas alternativas que, em minha opinião, poderiam promover práticas mais éticas e sustentáveis para o tratamento de bezerros machos na indústria leiteira seriam o investimento em raças de dupla aptidão - eficientes tanto na produção de leite quanto na produção de carne - aumentando a viabilidade econômica dos bezerros machos, e a capacitação de produtores sobre práticas de manejo para promover o bem estar animal e a utilização sustentável dos recursos, pois a falta de conhecimento, muitas vezes, pode levar à adoção de métodos questionáveis porém mais fáceis. O papel da indústria seria, nesse caso, de investir em tecnologias para melhorar a saúde e o bem estar dos animais. O papel do governo seria de implementar leis que proíbam a crueldade nesses sistemas de produção e que incentivem o manejo ético, como por meio de incentivos fiscais para aqueles que adotam práticas sustentáveis. Os consumidores, por fim, teriam o papel de apoiar marcas que tenham certificações de bem estar animal, optando por empresas que adoram práticas éticas e sustentáveis como uma maneira de pressionar o mercado.
É um total descaso com o bem-estar animal o que a empresa Danone faz com os bezerros machos. É triste saber que uma empresa tão grande despreza esses animais e apenas visa o lucro. Acredito que o governo tem o papel crucial de fiscalizar e punir maus-tratos, aplicando multas severas, já que essas práticas vão contra as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O fornecimento de colostro deve ser um direito garantido a todos os bezerros, independentemente do sexo. Além disso, a indústria deveria utilizar a sexagem de sêmen para reduzir a probabilidade de nascimento de bezerros machos, se essa é uma preocupação. Outra alternativa seria a doação desses animais, como já é feito em Pirassununga, no LPBL.
Também é importante permitir que os bezerros ganhem peso antes de serem transportados, garantindo sua sobrevivência. Para que essas mudanças ocorram, os consumidores precisam estar cientes do que acontece nessa empresa e evitar comprar seus produtos. Dessa forma, eles poderão exercer sua voz e pressionar a empresa a mudar suas práticas.
É imprescindível a tomada de medidas que visem uma melhor integração dos bezerros machos na cadeia produtiva, visando o seu bem-estar e qualidade de vida. É uma grande crueldade e descaso os relatos da realidade vivida e experenciada por estes animais.
É pensando nisso, que inúmeras atitudes podem ser tomadas, desde ações mais simples, como o fato de doar bezerros machos para a produção de carne, até métodos que envolvem um investimento e maior emprego de tecnologia, como o uso de sêmen sexado, o que, apesar de conferir uma alta garantia, ainda pode levar à ocorrência de nacimentos de machos, ainda que em um número muito menor.
Por fim, a indústria leiteira, o governo e os próprios consumidores de leite e derivados exercem um papel central em toda esta problemática:
Os consumidores são aqueles que impulsionam mudanças nas cruéis práticas cotidianas realizada pela indústria e produtores. Mas para isso, é necessário que os mesmos genuinamente se engajem nestes assuntos, realizando uma pressão por melhorias neste setor.
Já o governo é aquele responsável por educar e aplicar políticas que proporcionem uma mudança na cadeia produtiva, seja a partir de medidas que incentivem a adoção de meios alternativos ou através de modos mais rigorosos, como fiscalizações e multas.
Por outro lado, a indústria é aquela que tem como responsabilidade e dever produzir um produto cada vez mais sustentável e ético para os seus consumidores, sempre visando em primeiro lugar a garantia do bem-estar daqueles envolvidos em tal cadeia produtiva.
A questão do bem-estar animal deve ser uma prioridade inegociável tanto para a indústria quanto para o governo. A investigação sobre práticas inaceitáveis na cadeia de fornecimento da Danone destaca a urgência dessa mudança. É essencial que a empresa adote uma política abrangente de bem-estar animal, assegurando que todas as fazendas de leite sigam diretrizes rigorosas que proíbam práticas cruéis, como o descarte de bezerros machos.
Além disso, uma solução viável seria integrar os bezerros machos na cadeia produtiva de carne, valorizando-os como parte do processo produtivo e evitando o seu descarte. Isso não apenas contribui para a sustentabilidade da produção, mas também assegura que esses animais recebam o tratamento adequado durante sua vida.
Para garantir melhorias efetivas, o governo pode implementar regulamentos que exijam o cumprimento de padrões de bem-estar animal, incluindo auditorias regulares e certificações que incentivem as boas práticas. A indústria, por sua vez, deve investir em programas de conscientização e capacitação para os produtores, promovendo a importância do tratamento humanitário dos animais.
Na sociedade atual em que as empresas visam o lucro acima do direitos e bem estar dos animais, é comum encontrar notícias como as acima citadas, em que os bezerros machos são descartados e/ou postos em situação de sofrimento, ao passo que não são rentáveis para essa indústria. Dessa forma, medidas devem ser impostas para ampliar o sentido de bem estar animal para essa categoria de gado leiteiro, sendo que algumas como já citadas antes pelos meus colegas são: uso de semen sexado com o intuito de selecionar e proporcionar o nascimento de fêmeas; destinação de bezerros machos para pequenos produtores, assim como o aumento do período de engorda desses animais para a produção de carne.
Para fomentar possíveis mudanças nesse cenário, é papel da indústria incentivar a seleção de espécies de dupla aptidão, isto é , que geram tanto carne quanto leite, incentivar boas práticas de criação e promover a transparência com seus consumidores ao fornecer produtos certificados com selo de bem estar. Além disso, é papel do governo promover a fiscalização dessas empresas para assegurar o bem estar animal, além de promover incentivos para que as indústrias se regulamentem em relação às normas e também promover bonificações para aquelas que garantem boas práticas na produção. Por fim, é dever dos consumidores cobrar as empresas e o governo para que suas demandas sejam atendidas, além de escolher por vontade própria consumir de empresas que se adequam às normas de bem estar.
Considerando o atual processo de fabricação do leite é possível se dizer que a integração dos machos pode ser feita de algumas formas nesse sistema de produção; podendo utilizar os machos mais prolíficos para produção de semen, para inseminar as vacas do próprio sistema de produção leiteira; e poderia se desviar a produção desses machos para a produção de carne, para que esses animais não sejam abatidos ou descartados.
Em relação a industria é de sua responsabilidade lidar com esses animais e garantir que esses animais possuam o seu bem estar garantido, podendo se utilizar de técnicas como a integração da pecuária leiteira com a de produção de carne para engordar esses machos e encaminhá-los a produção de carne; ou até mesmo fazer o uso de sêmen sexado para evitar ao maximo o nascimento de machos para que os mesmos não sejam abatidos em vão. Os consumidores realizam um papel essencial para o estabelecimento de melhores condições de vida para esses animais, realizando a pressão em termos monetários nas industrias, fazendo possíveis boicotes, para promover a mudança da maneira como os animais estão sendo tratados pela indústria. Em termos de como o governo pode promover essa mudança, o Estado deve intervir nessa produção de forma incisiva uma vez que é possível notar que as fiscalizações, sobre bem estar e condições minimas de sobrevivência desses animais não estão sendo cumpridas; podendo criar leis que impessam os procedimentos de descorna nesses animais sem o uso de anestésicos entre outras legislações que garantam condições de bem estar a esses animais.
Acredito que a forma mais ética e sustentável de integrar esses animais seja com um melhor apoio legal que impeça o descarte predatório de bezerros machos, como é feito atualmente. Os produtores tem algumas formas de aumentar a qualidade de vida desses animais, algumas são citadas nos artigos de apoio como: aumento do tempo que o bezerro fica com a vaca ou uso de raças com dupla aptidão, dessa forma os proprietários poderiam utilizar a carne desses animais num futuro, já que o lado financeiro é o que mais incomoda os produtores é o bolso, então a argumentação pode ser pautada nesse ponto de forma que o bem estar dos animais seja aumentado.
Entretanto, acredito que entre todas estas possibilidades a que apresenta maior utilidade é o uso de sêmen sexado, embora alguns artigos demonstrem que os consumidores possuem certa aversão ao uso isso não seria um impeditivo comercial, uma vez que a grande maioria dos consumidores não se importa em saber se o sêmen utilizado na inseminação artificial é sexado ou não, os que possuem tal aversão possuem essa opinião por puro preconceito com tecnologias de reprodução animal.
A indústria, o governo e a população devem aumentar a pressão sobre propriedades que realizam esse tipo de prática completamente errada, em que os animais são vistos como apenas objeto de lucro. O governo também pode multar proprietários que realizam esse tipo de prática, seria uma forma de mitigar essas práticas.
Acredito que o descarte de bezerros machos é uma triste e cruel face do agronegócio, porém que não surpreende, dado a busca incessante pelo lucro em detrimento do bem-estar animal, princípios éticos e ecológicos.
De fato, muito se fala sobre bem-estar animal e muitos protocolos vem sendo desenvolvidos nos últimos anos, em parte pela evolução da ciência veterinária, mas também por uma demanda de mercado, em que os consumidores vem se preocupando mais com questões relativas ao bem-estar dos animais de produção. Dado isso, a coexistência de produção animal com bem-estar vem se tornando cada vez mais possível, mas que, na prática, deixa a desejar, como é o caso do descarte de bezerros machos.
Nesse contexto, é preciso saber reconhecer as falhas, bem como os agentes produtores de tais falhas. Ao meu ver, em primeiro lugar, obviamente trata-se de uma falha dos produtores. Porém, mais do que isso, do próprio governo - aqui referente a questões legislativas, fiscalizadoras e penais.
O projeto de extensão rural como forma de conscientização dos produtores rurais e, também, dos trabalhadores que compõem esse sistema, pode ser interessante.
Ademais, a exposição dessas crueldades é muito importante para criar um maior julgamento desses produtores e pressão por seguimento de protocolos de bem-estar. Isso já é um trabalho comum do terceiro setor, mas que poderia ser articulado com partes governamentais.
Por fim, é direito do consumidor exigir maior transparência do processo produtivo, bem como a realização de boicotes a empresas que não cumpram protocolos de bem-estar
Henrique Ribas Sandes da Silva
É inegável que, dentro da indústria de laticínios, há uma série de problemas com relação ao bem-estar na criação dos animais desde o seu nascimento até o seu descarte. Uma das maiores questões nesse contexto é a utilização de bovinos machos, os quais não trazem um retono econômico que satisfaz a ganância da produção agropecuária. Por isso, medidas devem ser tomadas para garantir uma prática ética no manejo e destinação desses animais, de forma a lhes fornecer um mínimo de dignidade e respeito.
Primeiramente, deve-se estimular a maior divulgação de informações com relação aos processos e problemáticas envolvidas nesse tipo de indústria (como esse tipo de notícia colocada para a discussão). Com isso, será possível criar um ambiente mais propício à conscientização dos consumidores, os quais possuem grande papel de alteração na dinâmica do mercado e, por consequinte, poder de influência para o estímulo de mudanças, como a maior aplicação da tecnologia para sexagem espermática (que diminuiria o número de nascimentos de machos dentro do gado leiteiro), destinação dos bezerros machos à pequenas propriedades (seguindo protocolos pré-estipulados de bem-estar no transporte e manejo desses animais) e/ou maior utilização de bovinos com dupla aptidão (leite e corte) para que possam ser rentáveis aos produtores.
No entanto, é claro que todas essas medidas provavelmente aumentariam os custos de produção e, com isso, o preço final do produto. Esse fato demonstra a pressão dos consumidores sobre a indústria láctea de forma isolada não é sufiente para solucionar a problemática em questão. É mister, desse modo, o apoio do governo, que, além de consolidar políticas e protocolos de fiscalização de bem-estar animal nas propriedades, deve investir na pesquisa de métodos mais rentáveis para o correto manejo de machos na produção leiteira. Além disso, deve fornecer políticas públicas e incentivos fiscais que possam diminuir o custos dessas medidas na produção e, por consequinte, o preço final do produto para os consumidores.
Por isso, é preciso que esse tipo de informação com relação aos maos-tratos com bovinos machos na cadeia leiteira sejam melhores veículadas dentro dos diversos sistemas de informação. A partir disso, será possível criar um ambiente propício a conscientização dos consumidores com relação às origens dos produtos lácteos que consomem, o que pode auxiliar no interesse dos produtores para melhorar as tecnologias utilizadas na criação, manejo e reprodução do gado. Todavia, para que isso seja viável economicamente para os produtores, o governo deve agir não apenas a partir da fiscalização, mas também contribuindo na pesquisa e no investimento das medidas existentes para auxiliar nessa importante questão de bem-estar animal.
É muito triste e revoltante saber a realidade pela qual os bezerros machos, principalmente, estão sujeitos dentro da indústria leiteira, tendo sua curta vida resumida em descaso, maus-tratos e descarte.
Dentre as alternativas viáveis para integrar esses animais de forma mais ética e sustentável, acredito que as principais sejam:
- Maior investimento e ampliação do uso de sêmen sexado. A taxa de acerto é por volta de 90%, portanto, diminui significativamente a chance de nascimento de bezerros machos.
- Investimento no uso de raças de dupla aptidão para carne e leite somado à estratégias genéticas que melhorem significativamente a produção de leite destas raças. Assim, bezerros machos podem ir para a produção de carne, e as fêmeas para o leite.
- Doação dos bezerros machos para pequenos produtores ou fazendas. Assim como no LPBL, em Pirassununga, os bezerros machos são doados para interessados em criar os bezerros para outros fins. Esta estratégia seria uma saída para o abate de animais de pouca idade.
Para que estas e outras estratégias sejam aplicadas, é necessário que haja atuação conjunta da indústria, do governo e dos consumidores. Cabe à indústria, antes de qualquer outra coisa, passar a se importar com o bem-estar e com a vida dos animais na mesma proporção que se importa com o lucro e com a opinião pública e de seus consumidores. A indústria deve aplicar políticas de bem-estar em todas as etapas da cadeia produtiva, desde o oferecimento de colostro no nascimento para todos os bezerros, até as boas práticas no abate sem sofrimento animal; também pode investir nas tecnologias de sexagem, para diminuir o nascimento de machos. Quanto ao governo, pode atuar na criação de leis que ampliem as práticas de bem-estar na produção leiteira; pode atuar mais fortemente fiscalizando as práticas das indústrias; pode também criar penalizações aos produtores que não seguirem as leis. Quanto aos consumidores, é importante que busquem se manter sempre informados sobre a realidade da produção dos alimentos que consomem, ter sempre postura crítica em relação ao que consomem, e também sempre cobrar as autoridades e os produtores por transparência e por seguir as leis e regras e por ampliarem as práticas de bem-estar na produção.
O problema do descarte de machos na pecuária leiteira é uma das grandes fraquezas no setor no ponto de vista de bem estar, onde aproximadamente 50% dos animais possuem pouco ou nenhum valor econômico, o que desmotiva o produtor a cuidar da saúde e do bem estar desses animais, gerando casos como o da notícia da Danone.
Existem diversas medidas que podem ser feitas para diminuir o sofrimento dos machos na cadeia produtiva, por exemplo ao se destinar esses animais para a produção de carne eles geram retorno econômico ao produtor que irá dessa forma cuidar da saúde desse animal para gerar uma carcaça com bom peso e aproveitamento, mas apesar dessa possibilidade, ao meu ver a melhor opção para prevenir o sofrimento de bezerros machos na pecuária leiteira é o uso do sêmen sexado, que diminui o numero de machos nascidos e a necessidade da busca por alternativas, além disso o apoio legal, o projeto de lei 210/2023 por exemplo pretende proibir no estado de São Paulo a venda ou doação de animais com menos de 3 meses, proíbe métodos cruéis de abates dos machos, embora eu acredite que uma definição mais precisa de cruel seja necessária no projeto, e dá um prazo longo o bastante para permitir que os produtores se adaptem as novas exigências.
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