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Após se ler esse material, quero que vocês discutam esta questão, por favor:
Considerando o atual modelo de produção de leite, em que frequentemente os bezerros machos são descartados ou submetidos a práticas que limitam o bem-estar animal, quais alternativas poderiam ser viáveis para integrar esses animais de forma mais ética e sustentável? Que papel a indústria, o governo e os consumidores poderiam desempenhar para fomentar mudanças nesse cenário?
Ellen Freitas Marcena
O descaso com a vida e o nascimento de bezerros machos na produção leiteira, como visto no caso da Danone, demanda a necessidade urgente de se buscar alternativas que não prejudiquem o bem estar e saúde do animal.
Uma alternativa viável, inclusive utilizada pelo Laboratório de Pesquisa em Bovinos de Leite de Pirassununga, é a doação dos bezerros machos para pequenos produtores, já que esses não se apresentam como um “recurso econômico” para a produção leiteira. Claro que essa ação, demandaria também outros projetos, que possam englobar os pequenos produtores para conscientizá-los acerca da aplicação de práticas de bem estar a esses animais. Pensando nesse aspecto, o governo tem papel fundamental de levar aos pequenos produtores toda informação necessária à aquisição de bezerros machos e como essa aquisição pode impactar positivamente em sua produção.
Os consumidores apresentam em si o direito de questionar as práticas realizadas pela produção leiteira, uma vez que é ele quem adquire o produto final e, portanto, quem decide essa aquisição. Se o consumidor não questiona, dificilmente a indústria se sente pressionada a mudar e incorporar medidas de bem-estar em sua cadeia, já que, infelizmente, essa é a única forma, pensando financeiramente, que impacta a indústria.
Na produção leiteira, o nascimento de machos não traz um retorno econômico relevante para os produtores, o que leva muitos a negligenciarem eles, os quais ficam sujeitos a condições muito abaixo do que poderia ser considerado bem-estar. É revoltante ler que tais bezerros são muitas vezes tratados com descaso e transportados antes mesmo de terem peso e resiliência suficientes para tanto, sem contar que chegam a ser abatidos sem a devida insensibilização, o que é inadmissível para dizer o mínimo. Ademais, o dado de que esses animais nem sequer recebem o colostro na quantidade adequada é muito preocupante, uma vez que a ingestão desse leite é fundamental para a imunidade no começo da vida e, portanto, tem impacto sobre a sobrevivência do bezerro.
Diante desse cenário, é imperativo que se tomem providências contra as práticas citadas acima. Como mencionado no artigo disponibilizado para consulta, já existem algumas alternativas, cada qual com seus prós e contras e com diferentes graus de aceitação. São elas: o uso de sêmen sexuado, o uso de raças de dupla aptidão, a manutenção dos bezerros na fazenda por mais tempo para ganharem peso e serem abatidos posteriormente, e o aumento do intervalo entre partos. Além dessas, como já mencionado pela Ellen Marcena, pode ser feita a doação de machos para produtores menores, os quais poderiam aproveitar o bezerro como reprodutor já que mesmo os animais que são descartados das grandes empresas apresentam uma boa genética. Cabe ressaltar que tanto a indústria quanto o governo e os consumidores podem atuar para trazer mudanças para melhor. Como o convidado da última aula mencionou, a indústria responde à demanda dos consumidores. Logo, estes devem pressioná-la e exigir mudanças através, por exemplo, da preferência por um produto oriundo de fazendas que prezam pelo bem-estar animal. Já com relação ao governo, ele pode agir propondo e estabelecendo normas - como é o caso do Projeto de Lei nº 210/2023 -, além de fiscalizar o cumprimento das mesmas. Algumas atitudes podem parecer pequenas, mas, quando somadas, fazem a diferença.
Minha opinião, de forma sucinta, é que práticas mais éticas e sustentáveis para lidar com os bezerros machos na produção de leite são essenciais. Alternativas como a criação de programas de carne de vitelo, cruzamento industrial, integração de sistemas de produção, adoção de práticas de BEA, entre outras opções, podem ser viáveis para reduzir o descarte desses animais. Além disso, a indústria pode investir em pesquisas e tecnologias que melhorem os sistemas de criação e que ofereçam soluções para integrar bezerros machos de forma sustentável e que não prejudique pequenos e médios produtores, bem como as empresas podem promover certificações que garantam o BEA etc. Enquanto isso, o governo pode criar legislações que proíbam práticas cruéis e incentivem economicamente (adotando, por exemplo, incentivos fiscais) fazendas que adotem boas práticas de manejo. Ademais, deve ocorrer a conscientização da população, possibilitando a ocorrência de mudanças no comportamento dos consumidores, os quais têm um papel crucial no apoio de produtos que respeitem o bem-estar animal, impulsionando mudanças no setor (inclusive nos preços desses produtos, que tendem a ser bem mais caros).
Uma maior integração aos bezerros machos nascidos na indústria leiteira é um tópico essencial para o bem-estar desses animais. Como não oferecer retorno econômico ao produtor, o tratamento para com esses animais é, muitas vezes, negligenciado nas propriedades, resultando em casos como o da Danone. Existem alternativas, como a produção de carne ou a venda dos bezerros para se tornarem reprodutores.
Há, ainda, uma alternativa anterior a isso: a utilização de sêmen sexado nas produções leiteiras, o que já é uma realidade em algumas propriedades no Brasil. Isso iria solucionar a questão dos machos excedentes, já que há resultados de 90% dos nascimentos sendo de fêmeas utilizando essa técnica (como ocorre na fazenda Cobiça, em Minas Gerais, de acordo com essa reportagem do Globo Rural ). Isso, é claro, é resultado de um investimento constante em pesquisa. Logo, em relação ao papel da indústria nesse contexto, é o de se dispor a investir em pesquisa, sabendo que há provas de que os resultados posteriores valerão a pena. Já em relação ao governo, cabe a ele incentivos esse investimento, seja por meio de pesquisas próprias, ou por meio de incentivos fiscais para as propriedades que adotam na prática, por exemplo.
Os consumidores, por outro lado, encontram-se numa situação de ignorância, e, na minha opinião, dificilmente as questões relacionadas ao bem-estar de bezerros na indústria leiteira chegaria à população geral. O que é muito triste, porque sabemos que a indústria se curva aos interesses do consumidor: o exemplo clássico disso é a Europa, em que o mercado consumidor é mais consciente sobre questões de bem-estar animal, e as medidas tomadas pelo Parlamento Europeu refletem essa preocupação. Sei que a situação do consumidor europeu não é revelada ao Brasil, por uma questão de escala, poder de compra da população no geral e desigualdade socioeconômica, mas acho que é interessante para refletir sobre o poder de mudança que a exigência dos consumidores possui.
Após a análise da notícia, é perceptível que situações de descaso com o nascimento de bezerros machos na bovinocultura leiteira devem ser mitigadas, sendo preciso buscar estudos, alternativas e investimento em tecnologias que garantam a ética e bem estar animal. Devido ao fato do nascimento de bezerros machos não serem tão economicamente viáveis na pecuária leiteira, infelizmente algumas empresas não buscam alternativas para garantir o bem estar desses animais.
Como alternativas poderia ser utilizado o uso de sêmen sexado, uso de raças de dupla aptidão, prolongamento do período de engorda e como citado pelos meus colegas de classe a doação do macho para os pequenos produtores. A indústria tem o papel de adoção dessas medidas e cumprimento da lei. O governo deveria aumentar a fiscalização do cumprimento das leis e conscientização da população à respeito das empresas que não cumprem a lei e a importância de garantir o bem estar animal. E o consumidor tem o papel de preferir comprar produtos que cumpram o bem estar. Assim, levaria ao aumento do cumprimento da lei e do bem estar dos bezerros machos na bovinocultura leiteira.
É devastador ler sobre a situação dos bezerros machos em sistemas de criação de gado leiteiro. Algumas medidas podem ser tomadas visando proporcionar melhor bem-estar a esses animais, como a estruturação de um sistema de criação para carne desses bezerros machos, respeitando as normas de bem-estar previstas na legislação; criação de bezerros e posterior venda para que se tornem reprodutores, então é necessário um sistema que priorize sua alimentação e saúde + avaliação do potencial genético para que isso possa ser implementado; consumo e incentivo à marcas que apresentam selo sustentável em relação ao bem-estar dos animais da propriedade; e, por fim, utilizar técnicas de IA a partir de sêmen importado e sexado proveniente de outras propriedades para que o número de nascimento de machos na propriedade seja reduzido e, assim, menos bezerros sejam destinados ao descarte. Gostei da alternativa da doação de bezerros que a Ellen apontou que já é utilizada no LPBL, eu não tinha conhecimento sobre isso.
A indústria deve adotar práticas que estimulem as políticas de bem-estar animal (sobretudo pré-abate) e que diminuam o descarte de animais, já o governo pode destinar subsídios e premiações para propriedades que adotem essas políticas sustentáveis e de bem-estar, além de ser mais rígido em autuações e fiscalização em propriedades como a Danone. Por fim, nosso papel como consumidores é priorizar produtos que tenham o selo de bem-estar, exercer pressão popular sobre o assunto e, ainda, promover o boicote às marcas que desrespeitem essas diretrizes.
O status dos bezerros machos na cadeia produtiva de laticínios, evidenciado pela investigação da Sinergia Animal, expõe uma das falhas na ética e na sustentabilidade do agronegócio. A visão majoritariamente industrializada e lucrativa do setor busca o máximo de produtividade em detrimento do bem-estar animal e da saúde do ambiente.
Alternativas mais éticas e sustentáveis poderiam ser utilizadas para dar dignidade a estes bezerros. Uma proposta seria a criação de programas de adoção e reabilitação, permitindo que os bezerros machos sejam cuidados e podem até contribuir com práticas agroecológicas. Além disso, a integração com sistemas agroecológicos pode propiciar um uso mais respeitoso destes animais, os quais poderiam ser animais de trabalho, ou auxiliar na promoção da biodiversidade e da saúde do solo. Muitas pessoas colocam como alternativa adaptar esses animais pora produção de carne, porém em minha opinião, sistemas que têm a produção em massa como prioridade não adicionarão nada ao bem-estar desses animais. Primeiramente, muitos destes animais são criados sob condições inadequadas, tendo espaço limitado e sem a possibilidade de se mover ou de executar sua interação social normal. O confinamento em ambientes estressantes resulta em sérios problemas físicos e psicológicos.
Além disso, a separação precoce dos bezerros de suas mães é uma prática que ocorre na produção de leite, cujo efeito é sempre estressante para o filhote e para a mãe; isso prejudica o desenvolvimento dos laços sociais, o que resulta em prejuízo para a saúde emocional dos mesmos e, portanto, em sofrimento desnecessário. O manejo também é uma preocupação, pois muitos dos bezerros machos são tratados como subprodutos; recebem menos atenção, ou cuidados menores. como visto nas notícias, o que resulta em problemas de saúde não tratados, além de má nutrição.
Frequentemente, os métodos de abate não asseguraram o aturdimento adequado de seus animais antes do abate, com isso os animais sentem dor na fase de morte. Muitos programas matam esses bezerros machos precocemente para produção de carne de vitelo, os métodod de abate são adaptados para esses animais jovens? realizaram estudos para identificar os melhores métodos de insensibilização? como é o menejo pré abate desses animais? acho que todos esses são pontos que devem ser discutidos, uma vez que pode contrariar diretamente os princípios básicos de bem-estar dos animais. Além disso, a desvalorização dos bezerros machos, uma vez que eles são considerados menos valiosos do que as fêmeas, reforça um ciclo do desprezo propriamente dito e da negligência atávica relacionada ao bem-estar.
Por último, é importante considerar o impacto psicológico que estas condições e práticas têm sobre os mesmos. Aqueles que vivem em condições estressantes e suportam procedimentos dolorosos sem controle de dor conhecem sofrimento físico e emocional. Para que o bem-estar dos animais possa ser considerado, recomenda-se a prática de um tratamento que respeite a vida e a dignidade dos seres vivos, tratando-as sempre com humanidade e em ambientes adequados para seu crescimento saudável.
O governo tem um papel fundamental. É necessário haver a regulação rigorosa do bem-estar animal, assim como incentivos para a aplicação de práticas mais “sustentáveis” e éticas no agronegócio. Deve haver uma maior fiscalização das indústrias, com punições para aquelas que não seguirem as leis. As empresas, por sua vez, devem repensar suas políticas de produção, adotando políticas que priorizem o bem-estar animal.
Os consumidores, de outro lado, têm um poder real ao escolher por produtos que respeitem o bem-estar animal e o meio ambiente. A pressão pública pode levar as empresas a mudanças reais, e a informação acerca das práticas da indústria é fundamental para promover escolhas mais conscientes.
Ainda assim, a crítica ao agronegócio é necessária. Com sua lógica de produção das massas, o setor pôde frequentemente ignorar as necessidades básicas dos animais e ocasionar um impacto ambiental significativo. O lucro incessante e uma estrutura que não considera o bem-estar dos seres vivos originam consequências não só para os animais, mas também para o próprio planeta e que não está nem perto do fim, uma vez que a maioria dsa práticas ”Sustentáveis” não estão nem perto de ter como meta diminuir emissão de gases poluentes, uma vez que eles só pensam em aumentar a produtividade e assim produzir mais e emitir o mesmo, porém não é disso que o mundo precisa, já que estamos ferrados com essa faixa de emissão.. Tal modo de operar é antagônico aos princípios da sustentabilidade, gerando a degradação do solo, a poluição dos recursos hídricos e a crise de biodiversidade.
É nítido o descaso que a indústria leiteira tem com os bezerros machos, uma vez que não são economicamente viáveis a esses mercados. Por isso, devem ser realizadas medidas para tentar diminuir o sofrimento e o descarte precoce desses animais.
Por exemplo, o uso de raças de dupla aptidão, no qual os bezerros produzem tanto leite quanto carne de alto valor comercial, assim, os bezerros nascidos machos, teriam um destino e uma utilidade a essas empresas, além do respeito ao bem estar animal. Outra medida interessante, porém de maior custo, seria o uso de sêmen sexado, na qual pode-se escolher o sexo do animal diminuindo as chances do nascimento de machos e, consequentemente, o descarte desses animais.
Em relação ao papel dos órgãos sociais e governamentais, a indústria deve investir em tecnologia e em ações de bem estar social a esses animais, com as medidas descritas acima, por exemplo. Além disso, ser transparente quanto às práticas e métodos utilizados na cadeia produtiva. Também, o governo deve cobrar dessas empresas as práticas de bem estar animal, além de fiscalizar se estão sendo praticadas, pois isso mitigaria o descaso e sofrimento, não só dos bezerros machos, mas de todos os animais que fazem parte desse mercado. Por fim, os consumidores devem buscar conhecimento de como é a realidade da produção dos produtos que consomem e adquirir os produtos de empresas que tenham um manejo ético e de bem estar animal. Isso fará com que haja uma mudança na mentalidade de outros consumidores e, também que as empresas busquem cada vez mais as práticas de bem estar animal.
Para enfrentar o desafio do descarte de bezerros machos na indústria de laticínios, algumas alternativas poderiam ser implementadas, o que envolveria um trabalho conjunto da indústria, do governo e dos consumidores. Propostas:
Integração dos bezerros machos na produção de carne: Uma prática adotada na Nova Zelândia e na Austrália é a criação de programas de engorda de bezerros machos para produção de carne bovina. Esse modelo evita o descarte precoce dos animais, permitindo que eles tenham um ciclo de vida mais longo e proporcionando uma fonte adicional de renda para os produtores.
Fomento de políticas de bem-estar animal: A criação de certificações específicas para laticínios com boas práticas de bem-estar poderia incentivar mais empresas a adotar padrões elevados, assim como permitir que consumidores façam escolhas mais conscientes. Além disso, regulamentações que proíbam o descarte e a eutanásia de bezerros saudáveis, como foi implementado pela Fonterra na Nova Zelândia, são medidas que podem acelerar a transição para modelos mais éticos.
Incentivos governamentais: O governo pode incentivar a criação de sistemas de produção que valorizem o bem-estar animal, oferecendo benefícios fiscais, subsídios e financiamentos para produtores que integrem bezerros machos em cadeias produtivas.
Tendo em vista o cenário atual da produção leiteira, fica evidente o descaso e o desrespeito ao bem-estar dos bezerros machos nessas produções. Esses animais trazem menos lucro para os produtores e por isso muitas vezes são descartados, por meio de abates regulares ou não, ou então são negligenciados, pela restrição do acesso ao colostro e à alimentação. Sendo assim, é clara a necessidade de mudanças nesse cenário.
No entanto, considero que tal mudança não vai vir do produtor, uma vez que a maioria valoriza apenas com questões financeiras e pouco se importa com o bem-estar de animais "pouco valiosos", como os machos no contexto de produção leiteira. Sendo assim, acredito que cabe aos consumidores lutarem por essas mudanças, pressionando esses produtores e buscando produtos que promovam o bem estar. Por fim, cabe ao governo garantir que tais mudanças sejam consolidadas, fiscalizando e monitorando as propriedades.
Existem várias maneiras de implementar essa mudança, uma delas, e talvez a mais eficaz, é a utilização de sêmen sexado, o que reduz exponencialmente as chances de nascer um macho nessa propriedade. Evidentemente, isso causaria um aumento de custos de produção e consequentemente, um aumento de preços do produto. Além disso, existem chances de mesmo com o sêmen sexado nascer um macho. A outra maneira seria a destinação desses bezerros para outros locais, como propriedades menores ou de produção de carne. No entanto, isso envolve outras questões como o transporte do animal até a nova propriedade e os cuidados que o mesmo vai receber nesse novo ambiente.
Dessa forma, existem sim maneiras de promover mudanças nesse cenário, mas é necessário uma mobilização do público e uma vigorosa fiscalização e monitoramento governamental a fim de que essas sejam realmente efetivas.
Na cadeia que envolve a produção leiteira, os bezerros machos são descartados principalmente por não trazerem retorno aos produtores que, para manter esses animais na propriedade, precisariam mobilizar recursos, como mão de obra, que não trariam nenhum retorno. Além disso, soma-se a questão comportamental, uma vez que touros da raça holandesa, uma das principais direcionadas a produção leiteira, tem um comportamento mais agressivo, o que aumenta a suscetibilidade da ocorrência de acidentes, caso não se tome os devidos cuidados. Em contrapartida, o mercado consumidor torna-se cada vez mais exigente principalmente no que se refere ao bem-estar dos animais, entretanto, as expectativas deste tornam-se distantes do que de fato ocorre, a exemplo do que a notícia retrata sobre a Danone e o tratamento contrário ao bem-estar dos bezerros machos.
Nesse contexto, algumas medidas podem amenizar o problema: em primeiro lugar, tornar o sêmen sexado mais acessível e aceito entre a cadeia leiteira, é uma opção para os produtores mais conservadores que realmente preferem direcionar investimentos apenas nas atividades mais rentáveis, ou seja, a produção de leite através do cuidado de bezerras que futuramente se tornarão lactantes. Uma outra opção seria doar os bezerros machos para fazendas que integram centrais de inseminação artificial, uma vez que estas aproveitarão o potencial dos bezerros para disseminar o potencial genético destes animais e tornar a produção leiteira mais rentável para os produtores que empregam essa tecnologia. Contudo, essa prática tem algumas limitações: primeiro, o transporte de animais pode ser um fator estressante, além de que há limitação espacial em relação ao número de animais que as centrais podem alojar. Assim, uma outra prática que poderia ser proposta seria conciliar a produção leiteira com a produção cárnea que, assim como a última proposta, trará um retorno financeiro na criação de bezerros machos e pode ser um incentivo ao produtor para reforçar os cuidados (alimentação, saúde e bem-estar, por exemplo) com esta categoria animal.
Para que essas práticas realmente sejam aplicadas, pode-se propor a criação de um selo a ser incluso em embalagens para comercialização que provavelmente trará maior destaque aos produtores que tenham a preocupação com bem-estar animal, porque estarão mais próximos do cumprimento das exigências do mercado consumidor, que também terá mais informações para fundamentar suas demandas e gerar maior mobilização diante de casos como o retratado na notícia sobre a Danone. Além disso, pode-se optar por uma bonificação financeira por parte das empresas que componham a indústria leiteira para facilitar a adesão pelos produtores e tornar as práticas mais rentáveis.
Na produção leiteira, o descarte de bezerros machos sempre é uma questão ética. Os bezerros são considerados de ser animais de baixo valor econômico e, assim, são frequentemente deixados para sofrer - sem receber colostro, são abatidos recém-nascidos ou mantidos em gaiolas
Possíveis alternativas para o descarte desses bezerros incluem:
- Uso de sêmen sexado: Embora nem todos os consumidores sejam a favor, essa prática tem alta eficiência na predeterminação do sexo dos bezerros, consequentemente minimizando o número de machos nascidos.
- Uso de animais de dupla aptidão: Pode resultar em maior renda com a venda dos bezerros.
- Aumento do período de lactação: Visa reduzir o número de bezerros nascidos.
- Doação de animais para pequenos produtores, como feito na LPBL.
- Engorda dos bezerros: Eles são criados e posteriormente abatidos para produção de carne ou de alimentos para pets.
Para fomentar mudanças, a indústria precisa adotar medidas mais éticas na produção leiteira, além de investir em tecnologias e ferramentas para evitar o descarte dos bezerros. O governo deve implementar leis com sanções severas que incentivam práticas sustentáveis no manejo de bezerros machos na produção leiteira. Os consumidores podem ter grande influência sobre o comportamento dos produtores por meio de suas escolhas de consumo. Devem preferir produtos oriundos de fazendas que implementam esses métodos alternativos ao abate de bezerros.
O descaso com o bem estar de bovinos de leite machos no sistema de produção evidência o quanto os produtores não se importam minimamente com os animais, e só consideram o produto final e o lucro.
Acho redundante afirmar o quão absurdo e repugnante é esse tipo de comportamento. Todos sabemos que é errado, a dificuldade é abrir os olhos de quem lucra com essas atitudes.
Na minha opinião, o governo deveria interferir de forma ativa com multas a produtores que cometem tais atos. Não adianta criar só programas e selos de bem estar, bonificações claramente não estão funcionando, então a fiscalização deve ser mais intensa.
É importante a educação dos produtores e criação de outras alternativas, como a reintegração desses animais em outras fazendas, doação para pequenos produtores utilizarem na reprodução, e quem sabe destiná-los ao abate para produção de carne. Claro, estudos devemos era feitos para que a insensibilização seja adequada a animais jovens.
Além disso, é preciso que essas notícias sejam melhor vinculadas, assim como a exposição para toda a população de como os produtos são feitos. Se as pessoas não sabem a importância do sêmen sexado e o que ocorre com os machos nas empresas de laticínios, não se terá indignação nem pressão popular para mudanças.
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